sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O Mac também fala pecezês

Um dos mitos mais propagados no mundo PC é o de que o Mac seria uma máquina “menos compatível”. Uma bobagem, já que há mais de 20 anos é possível ter um PC IBM-compatível dentro do Mac, enquanto o inverso só se tornou possível bem mais recentemente.

Emuladores são velhos conhecidos dos usuários Mac. Já nos anos 80, os Macs conseguem rodar outros sistemas operacionais graças a esse tipo de programa, que imita um hardware via software. O primeiro exemplo bem-sucedido foi o SoftPC, da Insignia Solutions, que emulava um IBM PC XT, com processador 8088, em um Mac com chip Motorola 68020. Rodava programas de DOS. Em 1994, foi lançado o SoftWindows, que permitia rodar o Windows 3.1 e seus programas no Mac, numa velocidade aceitável. Mais tarde, a Insignia passaria a sofrer a concorrência da Connectix, com o VirtualPC, posteriormente adquirido pela Microsoft.

Cartão de compatibilidade DOS da Apple

A Apple não desencorajou iniciativas como essa. Pelo contrário, até passou a oferecer soluções de hardware, que dispensavam a tradução do código x86 para 68k ou PPC. Eram os famosos cartões de compatibilidade DOS, placas de PC com processador Intel 80486 ou Pentium que vinham espetadas nos slots PDS, NuBUS ou PCI, conforme a versão do Mac. Embora essas máquinas fossem comandadas pelo Mac OS, podiam rodar Windows nativamente. O HD era particionado e, apesar de cada sistema ter sua própria memória, a área de transferência podia ser compartilhada entre os dois. O usuário alternava entre os dois sistemas com uma simples combinação de teclas (command + return). Alguns modelos de Performa e Power Macintosh vinham com esses cartões instalados de fábrica.

E emular Mac em outros sistemas? No Amiga, da Commodore, era possível emular o Mac desde 1988. Como o Amiga também usava CPUs da família 68k, não havia necessidade de emular o processador. Com a transição para o PowerPC, o último chip 68k usado no Mac foi o 68040. O Amiga, por sua vez, chegou a usar o processador 68060, mais veloz e capaz de trabalhar a clocks maiores. Por isso, um Mac virtualizado pelo ShapeShifter ou pelo Fusion em um Amiga com CPU 060 oferecia mais velocidade que um Mac 68k real.

Para PC, desde 1990 um emulador chamado Executor permite rodar programas de Mac sem rodar o Mac OS de verdade. Só em 1999, com o Basilisk II, conseguiu-se uma emulação aceitável do Mac OS no Linux. O Basilisk II foi posteriormente portado para DOS, Windows e até para o Mac OS X!


Mac OS 8.1 rodando, via Basilisk II, em um MacBook com OS X 10.6.5

Como? Emular Mac no Mac? Sim! Nos novos Macs com processador Intel, a única forma de rodar programas do Mac OS clássico é emulando um Mac 68k com o Basilisk II ou um Mac PowerPC com o SheepShaver ou o PearPC. Nas transições de processador (68k para PowerPC e PowerPC para Intel), a Apple empregou emulação, no caso para traduzir o código de programas antigos para o novo chip. Também na mudança do sistema clássico para o OS X, houve uma espécie de virtualização com o entorno Classic, que permitia rodar programas antigos dentro do Mac OS X.

Mesmo antes da volta de Steve Jobs, a Apple já vinha progressivamente adotando cada vez mais componentes padrões da indústria. Isso significa que os Macs estavam ficando cada vez mais parecidos (e compatíveis) com PC. Mas nada comparado à revolução anunciada por Jobs em 2005, quando a Apple migrou para os processadores Intel. Em termos de hardware, a única diferença significativa entre um Mac e um PC genérico é o dispositivo de boot. Enquanto os PCs têm uma ROM que roda o programa BIOS, o Mac usa a Extensible Firmware Interface (EFI).



Hackintosh: como transformar um PC barato em um Mac (sem autorização da Apple)

Com isso, os Macs podem rodar Windows nativamente, graças a um programa da Apple chamado Boot Camp, que instala o BIOS na EFI e permite dual-boot. A recíproca é verdadeira: com algumas gambiarras, PCs genéricos podem rodar o Mac OS X em código x86. É o chamado “Hackintosh”, que funciona até em alguns netbooks. A Apple não autoriza essa prática. A licença de uso do Mac OS X só permite que ele seja instalado em máquinas da Apple.

Windows Internet Explorer rodando no Windows XP em uma máquina virtual do Parallels, no OS X 10.6.5: integração total entre os dois sistemas

Se o Boot Camp ainda não tem a flexibilidade dos antigos Macs DOS-Compatible ou PC-Compatible, a solução é usar virtualizadores como o Parallels Desktop ou o VMWare Fusion, que permitem rodar o Windows dentro do Mac OS X, em uma máquina virtual, sem necessidade de emular o processador e com transparência e integração entre os dois sistemas. Há ainda o CrossOver e o Wine, que possibilitam rodar programas de Windows sem precisar rodar Windows, usando apenas algumas bibliotecas do sistema da Microsoft. E agora digam, quem que não é compatível?

Microsoft Visio rodando no Mac OS X via Crossover

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Mac na mídia

As mais tradicionais revistas de Mac brasileiras – a antiga Macmania e sua sucedânea, a Mac+ – sempre dedicaram um espaço às aparições de máquinas e sistemas operacionais da Apple em TV, cinema e publicidade. No Brasil, a visibilidade do Mac praticamente se limita a essas aparições ocasionais, já que a Apple veicula pouquíssima publicidade por aqui. Em 15 anos de presença no país, a empresa deve ter exibido apenas dois ou três comerciais em TV aberta, por exemplo. Em revistas e jornais, houve alguma presença significativa em meados dos anos 90, mas ficou nisso.

Nos EUA, a Apple veiculou algumas das mais criativas campanhas da história. O comercial de lançamento do Mac, em 1984, dirigido por Ridley Scott, e as campanhas que se seguiram à segunda vinda de Steve Jobs, em 1998, como as séries Think different e Mac vs. PC, são exemplo dessas peças memoráveis. Confira algumas dessas peças:

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Vai ter iPad pra todo mundo?


Mesmo sendo o mais caro do mundo, o iPad superou as expectativas em seu primeiro dia de vendas no Brasil. Algumas versões com conexão 3G já estavam em falta em alguns sites que comercializam o produto.

Fontes do setor garantem, porém, que os estoques serão repostos e não deve faltar iPad no Natal dos brasileiros. O primeiro lote trazido pela Apple tem “apenas” 50 mil equipamentos. Para efeito de comparação, esse é o número de Macs vendidos por ano no Brasil. Será que um brinquedinho que roda um sistema operacional limitado e engessado e que chega a custar quase o mesmo que um Mac vai vender em um mês tanto quanto este em um ano?

Confira os preços do iPad:

Wi-fi Wi-fi + 3G
16 GB R$ 1.649 R$ 2.049
32 GB R$ 1.899 R$ 2.299
64 GB R$ 2.199 R$ 2.599

O Mac mais barato no Brasil, o Mac mini básico, custa R$ 2.699, apenas R$ 100 a mais que o iPad na sua configuração mais completa. É preciso lembrar, no entanto, que o mini não inclui teclado, mouse e monitor, que devem ser comprados à parte. Mas as versões básicas do Macbook e do Macbook Air custam a partir de R$ 3.199, preço que pode cair até para R$ 2.699 em algumas promoções de revendas autorizadas.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A era da interface engessada

Mais de 10 meses depois de ser apresentado pela Apple e oito meses depois de seu lançamento no mercado americano, chega amanhã, à meia-noite (0h de sexta-feira), ao mercado brasileiro, o iPad, tablet da Apple que roda o iOS, o sistema operacional do iPhone e do iPod Touch. Quem já usou conta que a experiência é revolucionária. Até pessoas que nunca tiveram a menor familiaridade com tecnologia se sentem à vontade para usá-lo.

Para os usuários acostumados com o Mac OS e o Mac OS X, o choque é inevitável. O usuário não pode instalar os programas que quiser (a não ser que faça o jailbreak), não sabe onde os arquivos estão salvos, não consegue customizar a interface e não pode sequer mudar o formato de hora no relógio.

Pensando bem, mudar o formato do relógio não dá mais para fazer nem no Mac OS X Snow Leopard. Em versões anteriores do sistema, o relógio obedecia ao formato de hora configurado pelo usuário no painel de preferências Internacional (até o Mac OS X 10.4 Tiger) ou Idioma e Texto (a partir do 10.5 Leopard). Agora, o relógio insiste em exibir o símbolo das unidades de tempo no sistema anglo-saxão (:), mesmo que o usuário tenha configurado manualmente as preferências para os símbolos dessas unidades no sistema internacional (h, min e s). Confira nas capturas de tela abaixo:




Para resolver esse problema, tive que apelar para um programa (na verdade, um painel de preferências) chamado iClock pro, que traz ainda outros recursos, como exibir a fase da Lua na barra de menus e um prático calendário.

Made in Brazil

Há algumas semanas, causou frisson no mercado a declaração do empresário Eike Batista de que pretende instalar uma montadora de produtos Apple no Brasil. Ele disse que está negociando diretamente com fabricantes chineses terceirizados para posteriormente obter a aprovação da Apple e fechar o negócio. Um dos fabricantes chineses de produtos da maçã é a Foxconn, que já tem fábrica no Brasil. Na China, ela produz iPhones e iPads. Recentemente, recebeu encomenda para a produção de Macbooks. Se a promessa de Eike sair do papel, teremos Macs livres do imposto de importação, portanto muito mais baratos. Vamos aguardar.


O que pouca gente se lembra é que a Apple já montou Macs low-end no Brasil, por volta de 1997. O modelo escolhido foi o Macintosh Performa 6360 (foto acima). Tinha CPU PowerPC 603e rodando a 160 MHz, 8 MB de RAM soldados na placa lógica e dois slots DIMM de 168 pinos compatíveis com módulos de 8, 16, 32 e 64 MB cada, HD de 1,2 GB, leitor de CD 8x e drive de disquete. Suportava as seguintes versões do software de sistema: System 7.5.3, System 7.5.5, Mac OS 7.6, Mac OS 7.6.1, Mac OS 8.0, Mac OS 8.1, Mac OS 8.5, Mac OS 8.6 e Mac OS 9. O form factor (gabinete) era o mesmo do bom e velho Quadra 630.

A linha Performa representou a tentativa da Apple de recuperar terreno no mercado doméstico, dominado pelos PCs Windows. Embora seus preços fossem competitivos, esses Macs tinham limitações de performance e de upgrade.



Foi nessa época que a Apple desenvolveu sua breve política de clones, licenciando o Mac OS para outros fabricantes, tais como a Power Computing (foto acima), Umax, Genesis e Motorola. A ideia era transformar a plataforma PowerPC em um novo padrão de mercado, substituindo os PCs padrão IBM rodando Windows. Não deu certo: os Mac-compatíveis não roubaram mercado dos PCs, apenas canibalizaram a venda dos Macs da Apple. Talvez a política de licenciar o sistema tivesse funcionado se fosse adotada desde o lançamento do Macintosh, em 1984. Uma das primeiras medidas de Steve Jobs ao voltar para a empresa que fundou foi acabar com os clones.

Nos últimos 5 anos, voltou-se a falar em clones. Com a migração para os processadores Intel (e, consequentemente, para o código x86), tornou-se possível, com algumas gambiarras, instalar e rodar o Mac OS em PCs comuns, desde que bem configurados. Tal prática, porém, não é autorizada pela Apple.

Hoje, o que a empresa faz é terceirizar a produção, mas sempre vendendo os Macs com a sua marca. E é justamente essa montagem terceirizada que Eike Batista quer trazer para o Brasil.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

À Oracle o que é da Oracle


Matéria publicada hoje no site britânico IT Pro confirma: a Apple transferiu para a Oracle o controle da plataforma Java no Mac. Por enquanto, a Apple continua responsável pelo Java SE (Standard Edition) 6, fornecido com o Mac OS X 10.6 Snow Leopard. O Java SE 7 e os futuros lançamentos do OpenJDK (Java Development Kit) para Mac OS X ficarão a cargo da Oracle.

Neste ano, o fato de o Mac usar um Java proprietário criou transtornos para usuários mais antigos. Os programas da Receita Federal para fazer e enviar a declaração do Imposto de Renda exigiam uma versão atualizada do Mac Java, incompatível com Macs mais antigos, equipados com processador PowerPC e rodando o Mac OS X 10.4 Tiger.

I read the news today, oh boy


Por quase três décadas, a Apple Corps Ltd. (empresa multimídia fundada pelos Beatles em 1968) e a Apple Computer Inc. (fundada em 1976 por Steven Paul Joves e Stephen Gary Wozniak e denominada simplesmente Apple Inc. a partir de 2007) travaram longas disputas judiciais pelo uso da marca. O primeiro acordo entre as duas empresas foi firmado em 1981, quando a gravadora dos Beatles se comprometeu a não entrar no negócio de computação e a empresa de tecnologia assumiu o compromisso de não atuar no ramo de música. Mas, logo depois, o Apple II GS e a linha Macintosh ganharam capacidades multimídia, levando a empresa dos Beatles a mover novo processo. Vem daí o nome daquele famoso som de alertaSosumi, que soa como “So sue me” (“Então me processe”).


O acordo definitivo entre as duas Apples só veio em 2007. Hoje, 37 anos depois da primeira aparição do quarteto britânico na tevê americana, a Apple Inc. anunciou a chegada dos Beatles à iTunes Store. Agora, os 13 álbuns da banda que revolucionou a música e os costumes do mundo estão disponíveis no serviço de venda de conteúdo da Apple. Cada música custa US$ 1,29. O preço de cada álbum é US$ 12,99 (simples) ou US$ 19,99 (duplo).

A iTunes Store ainda não está disponível no Brasil.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Pacotaço de correções


Como anunciamos no post anterior, a Apple disponibilizou ontem nova atualização do Mac OS X 10.6 Snow Leopard, que chega agora à versão 10.6.5. O pacote inclui uma atualização de segurança (Security Update 2010-007), oferecida separadamente para quem ainda usa o 10.5 Leopard. Foram corrigidas mais de 130 vulnerabilidades. Porém, de acordo com o especialista em segurança Charlie Miller, ainda há várias brechas sem correção.

O Flash é responsável por pelo menos 55 das vulnerabilidades corrigidas. Diferentemente de outras empresas, a Apple oferece seu sistema operacional junto com o Flash Player e fica responsável pelas correções. Há indícios de que isso possa mudar. Lançado há três semanas, o novo MacBook Air é vendido sem o Flash instalado. Para analistas, não seria nenhuma surpresa se a Apple fizesse o mesmo com outros modelos e separasse o Flash do Mac OS X. A tecnologia da Adobe tem sido pivô de uma briga entre as duas empresas desde 2007. Para Steve Jobs, o Flash é “inseguro e ultrapassado”, tanto que não é suportado no iPhone, iPod e iPad.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Da pré-história ao futuro do Mac

Usar o mouse, clicar em ícones, abrir janelas e organizar os arquivos do seu computador em pastas, numa interface gráfica com o usuário (GUI) que usa a metáfora da mesa de trabalho (desktop) nos parece a coisa mais natural do mundo. Mas nem sempre foi assim. Em 1973, pela primeira vez esse conceito foi empregado em um protótipo de computador. A engenhoca abaixo, do tamanho de um frigobar, é o pioneiro Xerox Alto. Além da GUI, ele trazia a conexão de rede Ethernet e um de seus aplicativos era um processador de texto WYSIWYG (what you see is what you get). Tinha 128 kB de RAM e um cartucho de armazenamento de 2,5 MB.

Desenvolvido no Palo Alto Research Center (Parc), o Alto jamais chegou ao mercado. O primeiro produto comercial a incorporar suas características foi o Xerox Star, uma workstation com preço básico de US$ 75 mil, lançada em 1981. Tinha 384 kB de memória, expansíveis até 1,5 MB. Suas unidades de armazenamento eram HDs que variavam de 10 a 40 MB e drives de disquete de 8 polegadas.


Nessa época, durante visita ao Parc, Steve Jobs, cofundador da Apple, ficou impressionado com a GUI. Jobs também foi apresentado à interface de rede Ethernet e à programação orientada a objeto, mas só tinha olhos para a revolucionária forma de interação entre homem e máquina. Desprezada pela cúpula da Xerox, que estava mais preocupada em vender copiadoras do que investir em um produto que tinha um periférico chamado “mouse”, a equipe do Parc acabou sendo contratada pela Apple, para trabalhar em dois projetos paralelos: o Lisa e o Macintosh.

Lançado em 1983 e dirigido ao mercado corporativo, o Apple Lisa custava quase US$ 10 mil, em valores da época (cerca de US$ 22 mil em valores atualizados). Tinha CPU Motorola 68000 rodando a 5 MHz, 1 MB de RAM, dois drives de disquete de 5,25 polegadas e capacidade de 871 kB cada e, opcionalmente, um disco rígido externo de 5 MB ou um interno de 10 MB.


No ano seguinte, chegava ao marcado o produto desenvolvido pelo outro time dentro da Apple: o Macintosh, que levava o mouse, a interface gráfica e a metáfora do desktop ao usuário comum por cerca de US$ 2.500. Apesar de menos poderoso – seu processador 68000 rodava a 8 MHz, mas a memória estava limitada a 128 kB e a única unidade de armazenamento era um drive de disquetes de 3,5 polegadas da Sony de 400 kB –, o Mac original não tardou a canibalizar as vendas do Lisa, que se tornou o maior fracasso comercial da história da Apple. Muitas das boas características do sistema operacional do Apple Lisa acabaram incorporadas ao software de sistema do Mac.



John Sculley, CEO da Apple na época, lembra que o Mac original não tinha propriamente um sistema operacional. Grande parte das funções do sistema estava na ROM. Era uma gambiarra, um conjunto de truques de hardware e software que faziam milagres. Essa solução tinha um preço: os aplicativos assumiam o controle da memória, gerando instabilidade.

O sucesso da interface gráfica do primeiro Macintosh fez com que diversos concorrentes copiassem a ideia, entre elas a Atari, com o ST, a Commodore, com o Amiga, e até a Microsoft, com o Windows (uma camada de interface gráfica que rodada por cima do sistema MS-DOS nos PCs padrão IBM, de arquitetura aberta). Até Steve Jobs, que após uma queda de braço com Sculley deixou a Apple para fundar a NeXT, usou uma GUI avançada no sistema Unix da nova empresa.

A partir do System 5, de 1987, com o advento da extensão MultiFinder, passou a ser possível rodar vários programas ao mesmo tempo. No ano seguinte, veio o System 6, mais consolidado e estável, que perdurou até a virada da década.


A primeira transição dramática do Mac veio em 1991, com o lançamento do System 7. A multitarefa cooperativa, trazida pela extensão MultiFinder, foi incorporada ao sistema, que ganhou endereçamento de memória de 32 bits, trazendo problemas de compatibilidade com programas antigos. Houve avanços na interface gráfica, na estabilidade e na capacidade multimídia, com o QuickTime. Foi o primeiro sistema compatível com o processador 68040, o último da linhagem 68k, de tecnologia Cisc. Já na versão 7.1.2, de março de 1994, tornou-se compatível com a CPU PowerPC, com arquitetura Risc. A transição para a nova família de chips (a segunda transição da história dos Macs, a primeira de hardware) se completou em 1996. Hoje, quem diria, graças à emulação, o System 7 pode rodar em iPhone.


Nessa época, os clones do PC da IBM vinham ganhando a hegemonia do mercado. O Windows havia chegado à versão 3, tornando-se uma opção acessível de interface gráfica, ainda que estivesse muito longe de alcançar o Mac em facilidade de uso e intuitividade. Mas a empresa de Bill Gates se preparava para lançar seu novo sistema operacional, o Windows 95, que prometia levar aos usuários de PC comum uma experiência de uso parecida com a do Mac.

Enquanto se preparava para desenvolver um sistema operacional mais estável e moderno (o Mac OS 8, codinome Copland), com multitarefa preemptiva e memória protegida, a Apple fez mudanças cosméticas e funcionais no System 7, comprando sharewares desenvolvidos por terceiros e incorporando-os ao OS. O System 7.5, de setembro de 1994, trouxe alguns desses novos recursos, como menus hierárquicos e o relógio na barra de menus. Na versão 7.5.1, recebeu pela primeira vez a denominação Mac OS.



Mas o prometido sistema operacional moderno sofria cada vez mais atrasos. Houve novas trocas de CEO (Sculley foi sucedido pelo alemão Michael Spindler e pelo novaiorquino Gil Amelio), e a Apple continuava a perder mercado para os PCs. A tentativa de abrir a plataforma com uma política de licenciamento agravou a situação, já que os clones não chegaram a roubar mercado dos PCs, apenas prejudicaram ainda mais as vendas da empresa, que amargava prejuízos crescentes. O futuro da Apple e da própria plataforma era visto como incerto.

Diante do fracasso no desenvolvimento do novo OS, a solução escolhida foi comprar um sistema de outra empresa. O BeOS, da Be Inc., empresa fundada pelo ex-executivo da Apple Jean-Louis Gassée, estava no páreo, mas a escolha recaiu sobre o OpenStep, sistema da NeXT, de Steve Jobs. A Apple comprou a NeXT, trazendo seu fundador de volta, e entrou nos eixos. Jobs racionalizou a linha de produtos, apostou na inovação e, paralelamente ao desenvolvimento do novo sistema, prosseguiu no melhoramento do Mac OS antigo. Vieram as versões 7.6, 8.0, 8.1, 8.5 e 8.6, considerada a mais estável de toda a história do sistema clássico.

No hardware, a sopa de letrinhas e números que marcava a linha Apple deu lugar a quatro famílias: iMac, iBook, Power Mac e PowerBook. Lançado em 1998, o iMac retomou o conceito monobloco (computador com monitor integrado), trazendo como novidade o gabinete translúcido e colorido, de formas arredondadas, que quebrou o velho paradigma de que computador tinha que ser um caixote bege. A primeira geração de iBooks e o Power Mac G3 “Trovão Azul” seguiram esse novo conceito. Na sequência vieram o iMac G4 abajur, o eMac (branquinho, último Mac monobloco com monitor CRT), o iMac G5 (com monitor de cristal líquido), o Mac Mini G4 em formato de marmita e o Power Mac G5, entre outros modelos.


Em 1999, na transição para o novo sistema (a terceira grande transição do Mac, a segunda de software), o Mac OS X, veio o Mac OS 9, que trazia recursos multiusuários, compatibilidade com redes sem fio, a biblioteca de APIs Carbon (permitindo o desenvolvimento de programas compatíveis tanto com o OS 9 como o OS X) e a possibilidade de virtualização do sistema clássico no ambiente Classic do Mac OS X.


A versão servidor do Mac OS X chegou ao mercado em 1999, com uma interface parecida com a do Mac OS clássico. Teve vida curta. Sempre com codinomes de felinos, o OS X chegou para valer em março de 2001, na versão 10.0 Cheetah (guepardo) trazendo avanços inegáveis em estabilidade e segurança, mas também mudanças radicais na interface gráfica, que geraram protestos de usuários tradicionais. Com o tempo, alguns recursos perdidos foram trazidos de volta, outros puderam ser recuperados com softwares de terceiros e há ainda os que foram substituídos por novas funcionalidades do sistema.


Na sequência vieram as versões 10.1 Puma (suçuarana, onça-parda, leão-da-montanha ou cougar), 10.2 Jaguar (onça-pintada, onça-preta), 10.3 Panther (um nome genérico que pode se referir a várias espécies de grandes felinos), 10.4 Tiger (tigre), 10.5 Leopard (leopardo) e 10.6 Snow Leopard (leopardo-das-neves). Até o Panther, todas as atualizações traziam melhora de desempenho e velocidade, além da estabilidade. Lançado em abril de 2005, o Tiger, mais comedor de memória, foi o primeiro Mac OS compatível com o código x86, usado nos processadores Intel e similares, marcando o início da quarta transição (a segunda de hardware) da história dos Macs, que se completou com o Snow Leopard, de agosto de 2009, o primeiro sistema a rodar exclusivamente em CPUs Intel.

A transição de PowerPC para Intel foi um capítulo surpreendente na história dos Macs. A justificativa oficial era que a IBM e a Freescale (novo nome da subsidiária de semicondutores da Motorola) não conseguiam entregar CPUs G5 para os PowerBooks. Depois de mais de uma década alardeando a superioridade da arquitetura Risc sobre a Cisc, chegando a comparar os chips Intel Pentium a lesmas, a Apple agora migrava para os processadores Intel. O anúncio da mudança foi feito por Stevde Jobs em junho de 2005. Por sorte, os mal-afamados Pentium não chegaram a equipar Macs. Os modelos da Apple são equipados com processadores das famílias Core e Xeon. O primeiro Mac Intel foi o Mac Book, lançado em janeiro de 2006. Em agosto, a nova linha de produtos já estava completa, com o Mac Pro.

Paralelamente aos novos modelos de Mac e ao desenvolvimento do OS X, a Apple lançou uma série de gadgets que viraram sonho de consumo até dos pecezistas: a família iPod de tocadores de áudio digital, o armazenador e reprodutor de mídia digital tv, a estação AirPort Extreme, o HD com roteador Time Capsule, o celular iPhone e o tablet iPad.


O Snow Leopard deve receber hoje (10) mais uma atualização, a 10.6.5, e outra está a caminho, a 10.6.6, já enviada a desenvolvedores. Para o ano que vem, está previsto um grande update, o 10.7 Lion. O que poderemos esperar dele? Uma maior convergência com o iOS, o sistema operacional do iPhone, iPod Touch e iPad? Vamos aguardar.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Enquanto o Leão não chega…

Novas atualizações do Leopoldo, ops, Leopardo das Neves estão a caminho. A qualquer momento, a Apple deve liberar a versão 10.6.5 do Mac OS X Snow Leopard, que já está em seu décimo build de testes. E, mesmo antes de o 10.6.5 ser liberado ao público, foram iniciado ontem (4) os primeiros testes do update seguinte, o 10.6.6! As primeiras informações divulgadas sugerem que o update tenha ligação com a chegada da Mac App Store.

Nem só de software vivem as novidades no mundo Apple. Após o anúncio de que a linha Xserve será descontinuada no início do ano que vem, a empresa passou a oferecer uma versão Server da família Mac Pro. A máquina tem CPU Intel Xeon “Nehalem” quad-core rodando a 2,8 GHz, 8 GB de RAM (expansíveis até 64 GB), dois discos rígidos de 1 TB, chipset gráfico ATI Radeon HD 5700 com 1GB de memória GDDR5 e roda o Mac OS X 10.6 Snow Leopard Server com licença ilimitada. Nos EUA, a Apple Online Store oferece o novo modelo, em sua configuração básica, por US$ 2.999.



Para quem não tem tanta bala na agulha, há a opção do servidor mais, digamos assim, “popular”: o Mac mini com Snow Leopard Server. Equipado com processador Intel Core 2 Duo a 2,66 GHz, ele tem 4 GB de RAM, dois HDs de 500GB a 7.200 RPM e chipset gráfico NVIDIA GeForce 320M. Já disponível no Brasil, ele custa R$3.700, com possibilidade de parcelamento em até 12 vezes sem juros.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Falando a sua língua

No Mac OS clássico, os power users torciam o nariz para as versões localizadas do sistema. Não era para menos. O System7.5 em português, por exemplo, era cheio de bugs e incompatibilidades com alguns programas. Um dos aplicativos mais enjoados era o QuarkXPress. Para rodá-lo no System 7.5 em português, era necessário instalar um painel de controle chamado Internacional, do System 7.0.1 em espanhol, e ajustar os formatos de “fecha” (data), hora e número para U.S.

Na era do OS X, tudo mudou. Baseado em Unix, o sistema herdado da NeXT é modular, organizado em camadas: embaixo o núcleo, constituído de kernel e utilidades de sistema, depois APIs e serviços dos aplicativos e por cima de tudo a interface gráfica com o usuário. Nessa estrutura, o idioma também é mais um módulo, que pode ser alterado a qualquer momento. Usar o Mac OS X em português passou a ser uma opção para usuários “sérios”. Basta abrir o painel de preferências Internacional (ou Idioma e Texto, no OS X 10.6 Snow Leopard) e colocar a língua desejada no topo da lista. Além do Finder, que precisa ser reiniciado para validar a alteração, os aplicativos que forem abertos obedecerão à ordem de preferência definida pelo usuário, conforme a disponibilidade do idioma escolhido.


E se o idioma desejado não estiver disponível? Nesse caso, o usuário mais corajoso pode localizar o programa “na unha”. É preciso control-clicar (ou clicar com o botão direito, ou ainda com os dois dedos) sobre o ícone do aplicativo para abrir o menu contextual e selecionar a opção “Mostrar conteúdo do pacote” (“Show package contents”).



Vai abrir uma pasta chamada “Contents”. Dentro dela, abra a pasta “Resources”. Lá você deverá encontrar pastas com a extensão “.lproj” (“English.lproj”, “Japanese.lproj” etc.). Em cada uma delas, há um arquivo chamado “localizable.strings” (e, eventualmente, outros arquivos com a extensão “.strings”). A partir dele(s) você poderá fazer a tradução do programa.

Você pode duplicar uma dessas pastas “.lproj”, renomeá-la para “Portuguese.lproj”, abrir o arquivo “localizable.strings” no Editor de Texto e traduzir para o português a segunda frase entre aspas de cada linha. Depois de concluído o trabalho, é só salvar as alterações.

Há também aplicativos de terceiros que facilitam esse trabalho. Um deles é o iLocalize, da Arizona Software, que auxilia os desenvolvedores a localizarem seus programas.

Se você quiser tentar, boa sorte! Depois, conte sua experiência.

sábado, 30 de outubro de 2010

A sua cara

A possibilidade de personalização do sistema sempre foi um dos trunfos do Mac OS, desde a época do sistema clássico. Hoje em dia, Linux e Windows também podem ter a interface customizada, mas no Mac as mudanças parecem mais fáceis.

Nessa área, um software muito útil é o FruitMenu, da Unsanity. Ele devolve uma funcionalidade muito bacana que existia até o Mac OS 9.2: o Menu Apple customizável pelo usuário e que, desde o System 7.5, tinha submenus hierárquicos. Naquela época, havia uma limitação de até 10 níveis. Com o FruitMenu, esse recurso é ilimitado.

Colocando um atalho do ícone do seu HD na pasta dos itens do FruitMenu, você pode navegar virtualmente por todo o conteúdo das pastas do disco, sem necessidade de ficar clicando para abrir janelas ou colunas. No Mac OS X, é possível fazer o mesmo arrastando o ícone do HD ou de uma pasta para o lado direito do Dock, escolhendo a opção de visualização por lista. Mas, para quem é usuário das antigas, o lugar “natural” para isso é o Menu Apple.

O FruitMenu custa apenas US$ 15. Mas, mesmo se custasse o dobro ou o triplo, valeria cada centavo investido nele. O FruitMenu ainda coloca submenus nas Preferências do Sistema e menus contextuais adicionais.

O programa ainda não tem versão em oficial em português, mas você pode traduzi-lo “na unha”. No próximo post explicarei como se faz para localizar um aplicativo.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O leão vai rugir





Nem Ocelot (jaguatirica), nem Cat (gato): o felino que vai dar codinome ao Mac OS X 10.7 é o Lion (leão). O recado foi dado no convite para o evento do último dia 21, quando o CEO da Apple, Steve Jobs, apresentou a prévia da nova versão do sistema operacional dos Macs.



Com lançamento previsto para o verão do ano que vem no Hemisfério Norte, o OS X 10.7 Lion vai incorporar recursos consagrados no iOS, o sistema operacional do iPhone, do iPod Touch e do iPad.



E você? Quais as características que você gostaria de encontrar no novo Mac OS X?

Confesso que sou saudosista e sonho em ver de volta recursos perdidos da época do Mac OS clássico, que a Apple abandonou no meio do caminho, como o menu Apple customizável e hierárquico (do System 7.5), o cursor que virava lupa para navegação dentro das pastas (do Mac OS 8), as janelas que viravam abas quando arrastadas até a parte inferior da tela e o simpático ícone do Mac feliz na hora do boot. Existem softwares de terceiros que trazem de volta alguns desses recursos ao Mac. Mas é pouco provável que a Apple se lembre de reincorporá-los ao OS. Pena.