quarta-feira, 6 de abril de 2011

Os 10 anos do sistema que já nasceu 10

Ele já faz parte das nossas vidas, tanto que já não conseguimos imaginar nossos Macs sem ele. Fruto da reconciliação da Apple com Steve Jobs, o Mac OS X completou 10 anos no dia 24 de março. É verdade que nossa convivência com o novo sistema nem sempre foi tão boa. O começo foi bem difícil, mas aos trancos e barrancos o Mac se tornou, além de amigável, uma plataforma robusta e estável.

Nos anos 90, a Apple buscava criar as bases do Mac OS do futuro: um sistema com multitarefa preemptiva e memória protegida, livre de bombas e de erros tipo 10, 11, 12 e similares. Seria o Mac OS 8, codinome Copland. Depois de uma sequência de prazos não cumpridos, atrasos intermináveis e muito tempo e dinheiro desperdiçados, engenheiros e executivos da companhia perceberam que não teriam sucesso na tarefa de reescrever o sistema. Foi aí que surgiu a ideia de comprar um sistema operacional já existente, incorporando a ele uma interface gráfica Mac.

A primeira opção estudada foi a compra da Be Inc, empresa fundada por um ex-vice-presidente da Apple, Jean-Louis Gassé, que tinha um sistema que já rodava em Macs e computadores Mac-compatíveis (lembrem-se que estávamos na época dos clones) com processador PowerPC, o BeOS – que mais tarde viria a ganhar versão para PCs Intel.



Correndo por fora, eis que surge a NeXT, empresa fundada por Steve Jobs após sair da Apple, em 1985. A NeXT, que chegou a produzir computadores de 1987 a 1993, com processadores da família Motorola 680x0 (os mesmos dos Macs 68k), havia-se transformado em uma empresa de software. Seu sistema operacional, o NeXTStep (captura acima), foi portado para as arquiteturas Intel x86, PA-Risc e Sparc. Era um sistema do tipo Unix, baseado no kernel Mach mais o código-fonte do BSD, com suporte à linguagem Objectvive-C e à programação orientada a objetos.

No dia 20 de dezembro de 1996, a Apple anunciou a compra da NeXT e a volta de Steve Jobs à companhia, como consultor. Paralelamente ao desenvolvimento do novo sistema, que aproveitaria a base da NeXT, a Apple continuou o desenvolvimento do Mac OS clássico, incorporando ideias do finado projeto Copland. Já o novo OS, com o codinome Rhapsody (posteriormente Mac OS X, onde X é 10 em algarismo romano), teria uma estrutura modular, incorporando aos sólidos fundamentos Unix uma “interface Mac avançada”, suporte aos aplicativos clássicos. Em julho de 1997, com a demissão de Gil Amelio, Steve Jobs assumiu o posto de CEO interino (o adjetivo “interino” perduraria até 2000).

No dia 16 de março de 1999, surge o primeiro fruto do Rhapsody, o Mac OS X Server 1.0. Era, basicamente, um sistema com a base do NeXTStep e a interface do Mac OS 9. Mas o Mac OS X propriamente dito só teve seu primeiro beta público lançado em setembro de 2000. O sistema pronto (ou quase) só veria a luz do dia em 24 de março de 2001, como eu disse lá no início.


O Mac OS X 10.0 Cheetah (captura acima) não estava completo: tinha uma série de lacunas, inconsistências e falhas de desempenho e funcionalidade. Era, na prática, um sistema beta pago, tanto que o update para a versão 10.1 Puma, em setembro de 2001, foi gratuito. Um ano depois chega o OS X 10.2 Jaguar, trazendo mais recursos e melhor desempenho. O Exposé, que é uma mão na roda, aparece no Panther (10.3), lançado em outubro de 2003. Até aqui, todos os updates deixavam o sistema mais rápido.

O OS X 10.4 Tiger demorou um pouco mais para aparecer: chegou em abril de 2005, preparando a ainda não anunciada transição da arquitetura PowerPC para Intel x86. Foi – foi não, é, ainda tenho em casa um eMac rodando o Tiger 10.4.11 – o primeiro Mac OS portado para Intel. Um ano e meio depois surge o Leopard (10.5), o primeiro sistema descendente do BSD a receber certificação Unix e o último Mac OS X a suportar a arquitetura PowerPC.

O Mac OS X atual, versão 10.6 Snow Leopard, chegou em agosto de 2009. Rodando exclusivamente em Intel, está otimizado para a nova arquitetura. No próximo inverno deve chegar o Lion (10.7), que promete incorporar alguns recursos do iOS (sistema derivado do OS X que roda no iPhone, iPod Touch e iPad).

Nesse período, nem todas as mudanças foram bem-vindas, mas a chegada do OS X trouxe mais ganhos do que perdas. Perdemos as janelas que viram abas e a lupa que permitia navegar pelas pastas, do OS 8, e o ícone do Mac feliz na inicialização, que existia desde o System 1.0, mas ganhamos o Exposé e o Spotlight. Perdemos o menu Apple customizável, mas ainda podemos usar menus hierárquicos para navegar por discos e pastas se arrastarmos o ícone para o lado direito do Dock e escolhermos a visulaização por lista.

Parabéns atrasado, Mac OS X!

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