Ele já faz parte das nossas vidas, tanto que já não conseguimos imaginar nossos Macs sem ele. Fruto da reconciliação da Apple com Steve Jobs, o Mac OS X completou 10 anos no dia 24 de março. É verdade que nossa convivência com o novo sistema nem sempre foi tão boa. O começo foi bem difícil, mas aos trancos e barrancos o Mac se tornou, além de amigável, uma plataforma robusta e estável.
Nos anos 90, a Apple buscava criar as bases do Mac OS do futuro: um sistema com multitarefa preemptiva e memória protegida, livre de bombas e de erros tipo 10, 11, 12 e similares. Seria o Mac OS 8, codinome Copland. Depois de uma sequência de prazos não cumpridos, atrasos intermináveis e muito tempo e dinheiro desperdiçados, engenheiros e executivos da companhia perceberam que não teriam sucesso na tarefa de reescrever o sistema. Foi aí que surgiu a ideia de comprar um sistema operacional já existente, incorporando a ele uma interface gráfica Mac.
A primeira opção estudada foi a compra da Be Inc, empresa fundada por um ex-vice-presidente da Apple, Jean-Louis Gassé, que tinha um sistema que já rodava em Macs e computadores Mac-compatíveis (lembrem-se que estávamos na época dos clones) com processador PowerPC, o BeOS – que mais tarde viria a ganhar versão para PCs Intel.
Correndo por fora, eis que surge a NeXT, empresa fundada por Steve Jobs após sair da Apple, em 1985. A NeXT, que chegou a produzir computadores de 1987 a 1993, com processadores da família Motorola 680x0 (os mesmos dos Macs 68k), havia-se transformado em uma empresa de software. Seu sistema operacional, o NeXTStep (captura acima), foi portado para as arquiteturas Intel x86, PA-Risc e Sparc. Era um sistema do tipo Unix, baseado no kernel Mach mais o código-fonte do BSD, com suporte à linguagem Objectvive-C e à programação orientada a objetos.
No dia 20 de dezembro de 1996, a Apple anunciou a compra da NeXT e a volta de Steve Jobs à companhia, como consultor. Paralelamente ao desenvolvimento do novo sistema, que aproveitaria a base da NeXT, a Apple continuou o desenvolvimento do Mac OS clássico, incorporando ideias do finado projeto Copland. Já o novo OS, com o codinome Rhapsody (posteriormente Mac OS X, onde X é 10 em algarismo romano), teria uma estrutura modular, incorporando aos sólidos fundamentos Unix uma “interface Mac avançada”, suporte aos aplicativos clássicos. Em julho de 1997, com a demissão de Gil Amelio, Steve Jobs assumiu o posto de CEO interino (o adjetivo “interino” perduraria até 2000).
No dia 16 de março de 1999, surge o primeiro fruto do Rhapsody, o Mac OS X Server 1.0. Era, basicamente, um sistema com a base do NeXTStep e a interface do Mac OS 9. Mas o Mac OS X propriamente dito só teve seu primeiro beta público lançado em setembro de 2000. O sistema pronto (ou quase) só veria a luz do dia em 24 de março de 2001, como eu disse lá no início.
O Mac OS X 10.0 Cheetah (captura acima) não estava completo: tinha uma série de lacunas, inconsistências e falhas de desempenho e funcionalidade. Era, na prática, um sistema beta pago, tanto que o update para a versão 10.1 Puma, em setembro de 2001, foi gratuito. Um ano depois chega o OS X 10.2 Jaguar, trazendo mais recursos e melhor desempenho. O Exposé, que é uma mão na roda, aparece no Panther (10.3), lançado em outubro de 2003. Até aqui, todos os updates deixavam o sistema mais rápido.
O OS X 10.4 Tiger demorou um pouco mais para aparecer: chegou em abril de 2005, preparando a ainda não anunciada transição da arquitetura PowerPC para Intel x86. Foi – foi não, é, ainda tenho em casa um eMac rodando o Tiger 10.4.11 – o primeiro Mac OS portado para Intel. Um ano e meio depois surge o Leopard (10.5), o primeiro sistema descendente do BSD a receber certificação Unix e o último Mac OS X a suportar a arquitetura PowerPC.
O Mac OS X atual, versão 10.6 Snow Leopard, chegou em agosto de 2009. Rodando exclusivamente em Intel, está otimizado para a nova arquitetura. No próximo inverno deve chegar o Lion (10.7), que promete incorporar alguns recursos do iOS (sistema derivado do OS X que roda no iPhone, iPod Touch e iPad).
Nesse período, nem todas as mudanças foram bem-vindas, mas a chegada do OS X trouxe mais ganhos do que perdas. Perdemos as janelas que viram abas e a lupa que permitia navegar pelas pastas, do OS 8, e o ícone do Mac feliz na inicialização, que existia desde o System 1.0, mas ganhamos o Exposé e o Spotlight. Perdemos o menu Apple customizável, mas ainda podemos usar menus hierárquicos para navegar por discos e pastas se arrastarmos o ícone para o lado direito do Dock e escolhermos a visulaização por lista.
Parabéns atrasado, Mac OS X!